LEI ORDINÁRIA nº 189, de 19 de novembro de 2004

Identificação Básica

Norma Jurídica

LEI ORDINÁRIA

189

2004

19 de Novembro de 2004

DENOMINA PRAÇA PÚBLICA MANOEL ROMUALDO DA SILVA (MANOEL DE JOCA) NO BAIRRO SANTANA EM CABECEIRA GRANDE.

a A

O PREFEITO MUNICIPAL DE CABECEIRA GRANDE, Estado de Minas Gerais, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 76, inciso III da Lei Orgânica do Município, faz saber que a Câmara Municipal decreta e ele em seu nome, sanciona a seguinte Lei:

    Art. 1º. 
    É denominado Manoel Romualdo da Silva – a Praça Pública Municipal de Cabeceira Grande, localizado na Rua Joaquim Santana de Melo Filho, - Bairro Santana, na Sede do Município.
      Art. 2º. 
      Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

         

         

        Cabeceira Grande (MG), 19 de novembro de 2004.

         

         

        JOÃO BATISTA ROMUALDO DA SILVA

        Prefeito Municipal de Cabeceira Grande

         

         

        "Este texto não substitui o original."

          Quem foi Manoel Romualdo da Silva.

          Disse Guimarães Rosa, “as pessoas não morrem, ficam encantadas!” Esta frase é bastante inspiradora quando queremos falar de alguém que já se foi, deixando apenas seus encantos, suas alegrias e simplicidade. Manuel, um ser especial, porém simples e humano, nasceu em 23 de dezembro de 1924, na Fazenda São Joaquim, Município de Cabeceiras de Goiás, onde viveu sua infância de adolescência. Manuel ‘de Joca’ como era carinhosamente referenciado pela família e amigos, era filho de Antônia Pereira Donato e João Romualdo da Silva, o seu Joca. Filho primogênito, teve 3 irmãos e 3 irmãs. Cresceu em meio a muitas pessoas, em um constante movimento de acolhida proporcionado pela família. Ao final da primeira infância começou a estudar graças à dedicação e sabedoria dos seus pais, que diante das restrições educacionais impostas à época, acolhiam e mantinham professores em sua propriedade para ensinar aos seus filhos e moradores próximos a eles. Alfabetizou-se no tempo em que a palmatória era um instrumento pedagógico apreciado pelos mestres na aplicação de corretivos. Cursou apenas o primário, e com seu pai aprendeu o ofício de trabalhar a terra e as práticas rurais. Em 1942, em pleno movimento da 2ª Guerra alistou-se no exército, sendo treinados no batalhão de infantaria em Santos/SP, de onde por correspondência informava a família das novidades, desafios e saudades. Ao fim de seu tempo, retornou à fazenda, mas jamais pode desligar-se deste período, o uniforme verde-oliva havia lhe conferido a alcunha que carinhosamente o acompanharia o resto da vida. Manuel Jandaia. A exemplo da ave, era muito alegre, festeiro e de espírito livre. Foi músico autodidata, apreciava muito cantar ao som dos acordes de seu violão. Costumava cavalgar léguas participando e promovendo festas. Seu esporte preferido foi o futebol, do qual transmitiu a filhos e netos a habilidade com a bola. Enfim, como um líder da mocidade da época caçou, pescou e fez suas farras como todo rapaz saudável. Nesse movimento apaixonou-se, ou quem sabe foi conquistado, pela jovem Maria de Lourdes Costa Vale, formosa pretendente a quem veio a desposar em junho de 1949, na Fazenda Palmito, vindo a residir por uma ano com sua família na Fazenda São Joaquim. Constituiu sua família sempre morando na região e superando o desafio de iniciar novas sedes nas fazendas Olho d’água e Trombas. A necessidade de educar os seus seis filhos pequenos levou-o a residir na cidade de Cabeceira Grande - MG ainda em 1951, onde se por desígnio ou iniciativa, hospedou as professoras Cleuza, Madalena e Célia, às quais pioneiramente muito contribuíram na educação dos filhos daquela cidade. Motivo pela mesma necessidade, visando a continuidade dos estudos dos filhos, mudou-se para Unaí/MG. Como era comum à época, durante esse movimento de mudanças, mantinha-se trabalhando como fazendeiro. Agricultor e pecuarista preservava a diversidade de produção com os derivados do leite, da cana-de-açúcar e da mandioca. Os eflúvios da Nova Capital fizeram com que trouxesse a família para residir em formosa/GO em 1967. Ao vender sua propriedade rural em 1969, assumiu o empreendimento de benefício de arroz em Cabeceira Grande, e por longo tempo fez deste ofício o sustento de sua família, agora já ajudado pela esposa e filhos mais velhos. Em 1876 sua família buscou definitivamente o domicílio em Brasília, pois ali estavam as únicas faculdades da região e as melhores oportunidade de trabalho. Apoiava-os nestes movimentos, mas sua natureza o mantinha residindo em Cabeceira Grande. Lá foi Juiz de Paz de 1964 a 1966 e Fiscal de Renda de 1977 a 1978. Apreciador e incentivador dos movimentos políticos, sentia-se como mestre de cerimônias, na articulação e composição necessária à realização de suas aspirações. De lazer variado, era bom contador de histórias, piadista de primeira e mágico amador. Adorava brincar pregando peças àqueles amigos que desde a infância o acompanharam. Muitas são as lembranças de pilhérias destas amizades. Acreditava em Deus, e na religião Protestante fez seu caminho de fé. Lia diariamente a Bíblia e fazia suas orações. Em 1979, acometido de derrame, com restrições de movimento e na fala, deixa Cabeceira Grande para residir em Brasília, recebendo a atenção da família nos seus cuidados. Vive 19 anos reaprendendo um novo jeito de viver e conviver com as limitações de seu corpo, porém, sempre sorrindo e fazendo os outros sorrirem, agradecia a Deus cada instante de sua vida, jubilando-se sempre que reencontrava um de seus numerosos amigos antigos ou fazendo novas amizades. Teve assim a benção de ver seus filhos construírem suas vidas, construírem família e trazerem ao mundo seus dezesseis netos. Aos 73 anos de idade, em 02/12/1998, na companhia de sua esposa, da cunhada Iolanda e de sua filha de criação Madalena (Neguinha), a qual lhe dedicara nestes anos de invalidez sua atenção e cuidados, Manuel viu televisão, preparou-se para dormir, deitou-se e acenou para as três, afirmando que estava indo embora. Respirou profundamente e fechou os olhos. Morreu. – Não! Ficou encantado! Está sepultado no cemitério da família, na Fazenda São Joaquim a onde havia nascido há quase 74 anos atrás.